Manifestantes entram em confronto com soldados em cidade de mineração de ouro em Gana
Os confrontos acontecem enquanto centenas permanecem presos em poços de mineração, incapazes ou sem vontade de ressurgir por medo de serem presos.
Soldados fortemente armados dispararam tiros para dispersar manifestantes na cidade mineradora de ouro de Obuasi, na região de Ashanti, em Gana, em meio a uma repressão do exército aos garimpeiros que o governo considera ilegais.
As autoridades prenderam sete mineradores ilegais na segunda-feira por saírem de um poço pertencente a uma das maiores mineradoras de ouro do mundo, a AngloGold, segundo a empresa.
Na terça-feira, surgiram relatos de que centenas de outros mineiros estavam presos no subsolo. Não ficou claro se aqueles que ainda estavam no subsolo foram incapazes ou relutantes em sair.
Parentes disseram que os mineiros ficaram presos por dias sem comida ou água. Dezenas que escaparam foram presas por operar ilegalmente na área, disseram suas famílias à Al Jazeera, acrescentando que a polícia estava solicitando pagamentos em dinheiro para libertá-los.
"Meu marido é um dos que estão presos", disse uma mulher que se recusou a dar seu nome à Al Jazeera. "Não há outro emprego na área, então dependemos da mineração para viver."
A mulher disse que a polícia estava exigindo US$ 2.700 por pessoa para sua libertação.
Um homem disse à Al Jazeera que aqueles que ainda estavam no subsolo podiam ser ouvidos gritando. "Eles estão morrendo!" ele disse. "O que há de errado com as pessoas indo trabalhar para tentar sobreviver?"
A AngloGold disse em um comunicado na terça-feira que "pessoas não autorizadas no subsolo podem sair".
"Nenhuma pessoa subterrânea foi confinada de forma alguma e a rampa principal de saída da mina permanece aberta", afirmou, segundo a AFP.
Na terça-feira, os moradores começaram a se reunir do lado de fora da delegacia de polícia local, cantando, queimando pneus de carros e bloqueando estradas.
A prefeita da cidade, Faustina Amissah, confirmou o envio de soldados.
"Estava ficando caótico, então os agentes de segurança fizeram o que era legal para manter a paz", disse ela, acrescentando que os manifestantes "vandalizaram um ônibus que levava 52 suspeitos para a delegacia".
Um jornalista local enviou imagens à AFP mostrando soldados fortemente armados nas ruas de Obuasi e disse que precisava "se proteger".
Nem a polícia nem os militares emitiram comentários.
A mineração ilícita é comum no país da África Ocidental, onde muitas pessoas em comunidades pobres a veem como uma forma de ganhar a vida.
Desde que assumiu o cargo em 2017, o presidente Nana Akufo-Addo prometeu livrar o país do "galamsey", nome dado pelos locais à mineração ilegal.
As autoridades reprimem regularmente os locais ilegais, retirando os escavadores, mas ainda assim a prática continua.
A mina de Obuasi, que se estende até 1.500 metros (quase 5.000 pés) abaixo da superfície, produziu 250.000 onças troy (7.776 kg) de ouro no ano passado.